sexta-feira, abril 28, 2006

Gestão de grupo

Ser eficaz e bem-sucedido ao dar aulas a uma turma é uma tarefa complexa e exigente para um professor, qualquer que seja a sua área de trabalho. Isto porque numa turma agregam-se ao acaso alunos com personalidades, formações e capacidades diferentes, exigindo portanto atenção e respostas diferenciadas por parte do professor.

Os bons manuais de pedagogia consideram que uma boa gestão da turma é vital para o sucesso escolar. Isso obriga o professor a estabelecer e gerir em simultâneo os objectivos do grupo e os objectivos individuais.

Como se isto não tivesse já dificuldade suficiente, no ensino da música acrescenta-se aos factores apresentados um factor extra: a desigualdade nas idades dos alunos. Quantas vezes os professores fazem um esforço hercúleo para fazer convergir, numa mesma turma, os objectivos de crianças com 9 anos e de alunos com 19/20 anos de idade? Já não bastava a complexidade do ensino da música em si!?

Quando isto acontece, e acontece frequentemente, a gestão de grupo está fortemente condicionada por uma gestão escolar de qualidade.

terça-feira, abril 25, 2006

Uma questão de modelos... II

A confirmar-se a mudança de modelo de ensino especializado de música, verificar-se-á uma mudança também no actual perfil do professor de música. Passará de professor integrado numa escola onde desenvolve a sua carreira, para um professor itinerante sem destino fixo, contratado anualmente em função das necessidades da escola.

Os professores que melhor se adaptarem a esta (eventual) nova realidade são os que terão maiores hipóteses de sucesso.

sábado, abril 22, 2006

Uma questão de modelos...

Hoje em dia a palavra 'conservatório' já não tem o fulgor, o vigor e o brilho de outros dias. Aquilo que foi o conservatoire no passado - escola pública de ensino de música na linha da boa tradição francesa de formação superior de talentos musicais - já não existe. O termo aplica-se hoje de forma mais ou menos branda por todo o país a um mar de escolas de música, umas mais qualificadas, outras menos.

Este é apenas um dos sinais que aponta para o progressivo afastamento em Portugal do
modelo francês do ensino da música, para se aproximar a passos largos do modelo inglês que lhe corresponde.

Este último entrega a responsabilidade da formação de músicos não a escolas especializadas de ensino básico e secundário de música, mas faz integrar na rede de escolas e colégios cursos de música para diferentes públicos alvo: uns mais especializados, outros menos. Para os que desejam uma maior especialização há aulas individuais para o estudo de um instrumento, formação e objectivos mais rigorosos. Para os restantes, há uma formação genérica de qualidade com um currículo adaptado à formação de público alvo que aprendeu música fazendo música (canta em coros, aprende instrumento em aulas de grupo, toca em bandas e orquestras de colégio...).

O último passo dado neste sentido foi o alargamento da carga horária das crianças na escola, e do número de horas lectivas para os professores. Como é que uma criança consegue depois de estar na escola/colégio até às 17/18h, ir para uma escola de ensino especializado, ter aulas de FM, coro, Instrumento, Orquestra.... e ainda assim ter tempo para estudar português, matemática e violoncelo?

A não ser revertido este processo, as soluções que se vão apontar nos próximos tempos (e que alguns colégios já encontraram, copiando o modelo inglês) apontarão para uma cada vez maior integração do ensino especializado da música nas actividades das próprias escolas.

quinta-feira, abril 20, 2006

A minha aluna não sabe ler!

Já há algum tempo que não era confrontado com esta questão pertinente, assunção que dita desta forma, só pode ser produzida por professores de instrumento absolutamente insatisfeitos com o trabalho (mau, como se pode depreender) feito pelo respectivo professor de Formação Musical.

Apesar das minhas dúvidas sobre o grau de responsabilidade que me é aplicado, sempre que um colega descarrega sobre os meus ombros a culpa do atraso de desenvolvimento dos seus alunos, não deixo de procurar confirmar ou desmentir a veracidade ou não da afirmação. E, não raro, encontro alunos com competências de leitura já desenvolvidas e usualmente alunos que ao nível da aprendizagem estão até avançados para a idade.

Então o que falha na maioria dos casos?

1. A transição/junção das competências de leitura às competências motoras que estão a ser adquiridas na aula de instrumento.

2. A falta de entendimento por parte de muitos professores para as características inerentes ao código musical, muito mais complexo que o código associado a uma língua.

3. O desejo de ter os alunos a ler bem e depressa desde cedo, passa para as crianças um nível de stress para as crianças que inibe o seu desempenho.

terça-feira, abril 11, 2006

Ensinar a ouvir.... III

A maior dificuldade é encontrar mecanismos que nos permitam aferir se a criança ou o aluno ouviu aquilo que nós queríamos que tivesse ouvido. Neste caso perguntas do tipo: "ouviste?" ou "compreendeste?" que forçam respostas do tipo "sim/não", não são nem fiáveis nem esclarecedoras para o professor.

Para aferir este tipo de aprendizagens é preciso transformar a estratégia de reprodução/imitação numa estratégia (prática) onde a criança resolve um problema ou procura de solução. Uma estratégia onde a criança seja chamada a utilizar a competência. O resultado mostrará se é necessário voltar ao nível de formação anterior e repetir todo o processo, ou se poderemos passar para o seguinte.

segunda-feira, abril 10, 2006

Ensinar a ouvir.... II

A preocupação do professor deve passar por dirigir, canalizar a atenção do aluno para o elemento sonoro que quer ensinar, bem como as características que o compõem.

Se quer ensinar a reconhecer auditivamente o modo maior, não pode distrair a atenção do aluno por dizer coisas do tipo: "não te parece mais feliz, mais alegre?". Ao fazer isto, a atenção do aluno vai transitar do som e das características que compõem aquele pedaço de música em modo maior, para sensações não musicais. Agir assim dificulta, e na grande maioria dos casos impossibilita, a aprendizagem desta competência.

O fenómeno aplica-se a qualquer aprendizagem relacionada com a aquisição de competências auditivas.

quinta-feira, abril 06, 2006

Ensinar a ouvir....

O princípio básico para ensinar a ouvir (reconhecer/discriminar) é: Demonstrar auditivamente da forma mais abrangente possível o fenómeno que se quer ensinar.

Por exemplo, se quer ensinar alguém a reconhecer auditivamente a cadência perfeita, deverá demonstrar como soam as cadências perfeitas. Fazê-lo de forma abrangente implica demonstrá-las em diferentes contextos musicais, diferentes estilos, onde a sensação pode ser 'isolada' mesmo quando variamos o ritmo melódico, o ritmo harmónico, a tessitura, o carácter e o tempo.
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