quinta-feira, setembro 27, 2007

Enriquecimento Curricular - Princípio Pedagógico 1

Um primeiro princípio pedagógico a levar em conta por quem trabalhar com crianças no Enriquecimento Curricular é:

Todas as crianças têm potencial para aprender música

Umas aprenderão mais rápido que outras, conseguirão melhores níveis de desempenho que outras, mas essa diferença de potencial não significa que as crianças que não são tão rápidas ou tão prontamente destras sejam desprovidas de potencial para aprender música. Levarão mais tempo, precisarão de mais oportunidades, mas têm igualmente potencial para atingir níveis elevados de desempenho.

O importante é que o professor disponibilize as experiências e actividades suficientes vezes para que todas as crianças possam usufruir de vivências musicais enriquecedoras e motivadoras.


segunda-feira, setembro 10, 2007

Peso das Competências de Leitura na Aprendizagem Instrumental

Esclarecimento sobre a importância das competências de leitura na aprendizagem instrumental. Este esclarecimento torna-se necessário, dado que existe alguma confusão sobre o assunto e a tendência para se adotarem posições radicais.

Os pontos essenciais na aprendizagem do instrumento são: A aquisição de competências motoras/auditivas/expressivas (pela ordem que se preferir). Articular a aquisição de todas estas competências em simultâneo é já um desafio e tanto para uma criança.

Aprender também a descodificar a notação musical (sobretudo na fase inicial de aprendizagem) torna-se uma sobrecarga, visto que aprender a ler música implica a aquisição e compreensão de novos signos e adicionar a esse reconhecimento visual a representação SONORA desses signos.

Ao se afirmar isto não se está a defender a não utilização de notação musical na aprendizagem instrumental. Antes, o que se quer reforçar é que enquanto não haver fluência na descodificação da notação musical, a aprendizagem de repertorio não pode partir da partitura. Pedir a uma criança que em simultâneo preste atenção à postura, à colocação dos dedos, a coordenação entre mãos, ao ritmo e à altura de som da melodia que está a tocar, dando atenção também à afinação, à qualidade do som e à inclusão de elementos expressivos... e que por cima de tudo isto descodifique um tipo de notação que articula dois eixos em simultâneo é pedir bastante a uma criança, e é certamente demais para a maioria das crianças que estuda nas nossas escolas de ensino especializado.

Os efeitos nefastos resultantes de se colocar a notação bem cedo - obrigando algumas crianças a ter de tomar decisões sobre a que elementos terá de prestar menos atenção ou a deixar de lado (usualmente a afinação, a qualidade de som, ou ficando com capacidade reduzida para memorizar), levando outras a achar-se desprovidas e a entenderem as suas dificuldades como inatas, resultando estas atribuições na perda de motivação para continuar a aprender - são bem notórios e confirmados por vários estudos, entre os quais o artigo apresentado em 29 de Agosto. Outros estudos sobre o assunto serão apresentados em artigos futuros.

Em face de tudo isto, quando então se deverá inserir a notação?

Quando a sua inclusão não afectar o ritmo de aprendizagem do instrumento.

Quando se tornar uma mais valia e não um problema.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Metacognição e Aprendizagem Musical I

Um estudo de Hallam (2001) salienta a necessidade de desde muito cedo no processo de aprendizagem de um instrumento se ensinar as crianças a 'aprender a aprender'. Isto inclui:
  1. Aferir o que é necessário fazer para 'montar' uma peça
  2. Identificar pontos onde poderão surgir dificuldades
  3. Reconhecer erros
  4. Controlar e avaliar o progresso no trabalho
  5. Tomar as acções apropriadas para superar os problemas que surjam
Quando as crianças adquirem estas competências tornam-se mais autónomas e mais eficazes no seu estudo em casa. O impacto deste tipo de conhecimento revela-se também na velocidade com que as crianças evoluem.

Segundo Hallam, a aquisição deste tipo de competências é tão importante como a aquisição de competências auditivas ou motoras, e determinante para o sucesso da aprendizagem.


Hallam, S. (2001) The Development of Metacognition in Musicians: Implications for Education. British Journal of Music Education, 18(1), 27-39



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