terça-feira, maio 20, 2008

Testes de Aptidão - Seashore

Carl Seashore criou, no ano de 1919, aquela que foi a primeira bateria de testes destinada a medir capacidades musicais (Seashore Measures of Musical Talents). Seashore achava que a aptidão musical se podia resumir na discriminação auditiva de fenómenos sonoros e/ou de elementos musicais.

Seashore achava também que as capacidade de reconhecimento auditivo era determinada geneticamente, portanto o resultado de um teste corresponderia a uma aptidão fixa da pessoa testada. Caso viesse a realizar o teste em outras ocasiões, a pessoa teria sempre o mesmo resultado. Para Seashore, os seus testes eram válidos para o propósito de medir aptidão musical.

A bateria de testes estava divida em 6 secções:

  1. Altura de Som (notas)

· O aluno tinha de indicar se a segunda nota (em 50 pares de notas) era mais aguda do que a primeira (sempre 500Hz = Si ligeiramente alto). A diferença de altura entre a primeira e as segundas abrangia um intervalo de 17Hz (aproximadamente ½ tom) a 2Hz (pouco mais que um ‘coma’[1])

  1. Intensidade

· O aluno tinha de indicar se a segunda nota (em 50 pares de notas) era mais forte ou mais piano que a primeira. A diferença de intensidade entre as notas (tons puros) variava entre 4 e 0,5 decibeis.

  1. Ritmo

· O aluno tinha de indicar se o segundo padrão rítmico (em 30 pares) era igual ou diferente do primeiro. Os padrões incluíam células com 5 a 7 ataques possíveis de enquadrar nos compassos 2/4, 3/4 e 4/4.

  1. Tempo

· O aluno tinha de indicar se o segundo som (em 50 pares de sons) era mais longo ou mais curto que o primeiro (com aduração de 0.8”). A duração dos segundos sons variava entre 0.30” e 0.05”.

  1. Timbre

· O aluno tinha de indicar se o segundo som compelxo (mistura de frequências em 50 pares) era igual ou diferente do primeiro. A diferença entre sons complexos era obtida pela manipulação do 3º e 4º parciais.

6. Memória Tonal

· O aluno tinha de indicar se o segundo padrão melódico (em 10 pares) era igual ou diferente do primeiro. Os padrões melódicos produzidos por um orgão electrónico incluiam 3, 4 ou 5 notas. A diferença entre o par de padrões era obtida por variar apenas uma das notas.

Tal como os testes de Gordon, também os testes de Seashore não são adequados para seleccionar alunos para a entrada em escolas de ensino especializado, visto que valorizam apenas capacidades musicais inatas, e não levam em conta os processos de aprendizagem e a capacidade de um aluno desenvolver competências musicais. Para Seashore se um aluno não consegue obter uma boa nota na sua bateria de testes isso é revelador da ausência de aptidão inata para aprender música.

O paradigma não leva em conta factores que condicionam a aprendizagem musical, aliás, vitais para o sucesso na aprendizagem. Estes factores incluem: a capacidade para superar dificuldades de aprendizagem, a capacidade para persistir num trabalho acima de tudo ‘repetitivo’, a capacidade para organizar os processos de estudo, a capacidade para manter-se atento durante longos períodos, a capacidade para estabelecer metas de aprendizagem (curto, médio e longo prazo), percepcção de auto-eficácia em relação às actividades musicais, entre outros.




[1] O intervalo de 1 tom compreende os intervalos de 9 comas. Portanto no sistema igualmente temperado ao intervalo de 1/2 tom corresponde ao intervalo de 4 e 1/2 comas.

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