sexta-feira, setembro 26, 2008

A questão da universalidade da música

A questão da universalidade da música pode ser vista por dois prismas.

Em determinados grupos associados à etnomusicologia permanece uma perspectiva "romântica" generalizada de que toda a música tem propriedades idênticas, e que essas propriedades são independes da influência cultural. Essa perspectiva atinge um certo dramatismo quando se afirma que a mera exposição à música do mundo pode permitir uma harmonia cultural e uma compreensão multicultural. A aceitação deste fenómeno humano baseia-se na assunção de que existem propriedades composicionais comuns em todas as culturas musicais (Campbell, 1997). Nesta perspectiva, a música seria a melhor forma de se ultrapassarem as fronteiras culturais e difundir ideias (Gregory, 1997).

Do outro lado da questão em debate, há quem defenda que a universalidade da música não resulta da análise das suas estruturas implícitas, mas sim da propensão humana para a música – uma predisposição física e biológica do homem para a performance musical (Blacking, 1973). Daí surge o argumento de que haverá uma propensão para a aprendizagem da 'linguagem universal da música', tal como existe para a aprendizagem da língual materna, visto que activam estruturas intelectuais e processos cognitivos semelhantes (Chomsky, 1968).

Marisa Raposo - Aluna do Curso de Formação Musical da Escola Superior de Música de Lisboa (Excerto da Monografia 'Música do Mundo na Iniciação Musical do Ensino Especializado', Maio 2008)


Bibliografia Usada

Blacking, J. (1973) How musical is man?, Seattle, University of Washington Press

Campbell, P. S. (1997) Music, the universal language: fact or fallacy?, International Journal of Music Education, 29(1), 32 – 39

Chomsky, N. (1968) Language and mind, New York, Harcourt Brace Jovanovitch

Gregory, A. H. (1997) The roles of music in society: the ethnomusicological perspective, in Hargreaves, David & North, Adrian (Eds.) The Social Psychology of Music, New York, Oxford University Press
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