sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Edwin Gordon e o paradigma da Aptidão Musical I

A Teoria da Aprendizagem Musical (TAM) criada por Edwin Gordon (discípulo de Carl Seashore, pai dos testes de aptidão), está alicerçada no paradigma da aptidão ou talento musical, onde se atribui um papel relevante à propensão genética para a aquisição de competências musicais.

Mesmo admitindo, tal como Gordon defende, que durante o período que vai desde o momento em que o feto passa a ouvir ainda no útero da sua mãe, até aos 9 anos de idade, a aptidão musical individual pode aumentar consoante o tipo e o grau de orientação informal e instrução formal que é recebida, este paradigma apresenta dois grandes problemas.

Primeiro, à imagem do que aconteceu com os testes de medição da inteligência humana (QI), que se baseavam num paradigma similar do defendido por Gordon, os testes que estão na base de sustentação da TAM não levaram em conta um factor crucial na aprendizagem, a motivação. Se a aptidão musical é determinada largamente pela propensão genética, todas as teorias da motivação que demonstram o papel relevante que o auto-conceito de eficácia na aprendizagem tem na aquisição e desenvolvimento de competências estão obviamente erradas.

Em segundo lugar, assumir que a aptidão musical está totalmente centrada em competências auditivas passivas (ser capaz de discriminar auditivamente sons ou padrões como acontece nos testes de Gordon), onde não se requer dos alunos qualquer tipo de intervenção/interacção musical, não só está completamente afastado da realidade onde o 'ser capaz de fazer' é a essência da actividade musical, como privilegia o resultado em deterimento do processo de aprendizagem.

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