quinta-feira, março 20, 2008

Edwin Gordon e o paradigma da Aptidão Musical II

Edwin Gordon defende a realização dos testes de aptidão com o objectivo de ajudar os professores a determinar que elementos (ao nível do ritmo, melodia, harmonia...) necessitam ser reforçados no plano de desenvolvimento de aptidão de cada criança.

Se levarmos em conta que Gordon garante que a aptidão musical individual pode aumentar até ao limite máximo de 9 anos, então a realização dos testes de aptidão tem uma validade temporal reduzida. Visto que atingindo esta idade limite a aptidão musical individual estagna, nada mais podendo ser feito no sentido de a fazer desenvolver, pode-se então concluir que estes testes não têm qualquer validade se aplicados depois de as crianças atingirem os 9 anos de idade.

Se, como professores e pais, nos apegarmos a um paradigma que centra toda a sua força no potencial genético, corremos o risco de, confrontadas as crianças com problemas de aprendizagem e de aquisição de competências musicais, sermos tentados a atribuir a origem desses problemas à insuficiência de aptidão, nada podendo fazer para alterar o rumo dos acontecimentos, dando assim o primeiro passo para um processo que pode culminar na desistência.

No entanto, é preciso ter em conta que os processos de aprendizagem e de aquisição de competências (em música e não só) são muitíssimo complexos e não estão dependentes meramente dos valores obtidos nos testes de aptidão musical.

Factores como: 1. o grau de motivação para a aprendizagem, 2. a forma como os pais participam no processo de aprendizagem, 3. a relação da criança com a escola, o professor e o instrumento, 4. a forma como a criança se vê a si própria no processo de aprendizagem, 5. a relação da criança com a própria música (só para citar alguns), são tão ou mais importantes do que qualquer resultado extraordinário num qualquer teste de aptidão musical.

Mais do que discutir a validade dos testes (talvez num outro post), é necessário ponderar a validade do paradigma.

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