sábado, abril 22, 2006

Uma questão de modelos...

Hoje em dia a palavra 'conservatório' já não tem o fulgor, o vigor e o brilho de outros dias. Aquilo que foi o conservatoire no passado - escola pública de ensino de música na linha da boa tradição francesa de formação superior de talentos musicais - já não existe. O termo aplica-se hoje de forma mais ou menos branda por todo o país a um mar de escolas de música, umas mais qualificadas, outras menos.

Este é apenas um dos sinais que aponta para o progressivo afastamento em Portugal do
modelo francês do ensino da música, para se aproximar a passos largos do modelo inglês que lhe corresponde.

Este último entrega a responsabilidade da formação de músicos não a escolas especializadas de ensino básico e secundário de música, mas faz integrar na rede de escolas e colégios cursos de música para diferentes públicos alvo: uns mais especializados, outros menos. Para os que desejam uma maior especialização há aulas individuais para o estudo de um instrumento, formação e objectivos mais rigorosos. Para os restantes, há uma formação genérica de qualidade com um currículo adaptado à formação de público alvo que aprendeu música fazendo música (canta em coros, aprende instrumento em aulas de grupo, toca em bandas e orquestras de colégio...).

O último passo dado neste sentido foi o alargamento da carga horária das crianças na escola, e do número de horas lectivas para os professores. Como é que uma criança consegue depois de estar na escola/colégio até às 17/18h, ir para uma escola de ensino especializado, ter aulas de FM, coro, Instrumento, Orquestra.... e ainda assim ter tempo para estudar português, matemática e violoncelo?

A não ser revertido este processo, as soluções que se vão apontar nos próximos tempos (e que alguns colégios já encontraram, copiando o modelo inglês) apontarão para uma cada vez maior integração do ensino especializado da música nas actividades das próprias escolas.

Sem comentários:

Google